quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Um tiozão no Planalto


Candidato,
  Tenho vinte—quase vinte e um—anos e, por uns dez deles, vi, por muitas vezes, o triunfo dos malandros, dos ardilosos e dos ímpios em geral por toda a parte. Quantas dessas vezes pensei que o bem jamais venceria e que o mal daria sempre a tônica deste Vale de Lágrimas—algum tempo depois, acabei  me convencendo que este mundo é mais ou menos por aí mesmo!...
  Ao final de uma rotina recheada por essas tristezas—e por alegrias também, por que não?—eu abria minhas redes sociais (que mantenho desde 2011), em especial Facebook e Twitter, num computador disposto sobre uma mesa marrom-escuro num dos quartos da minha casa. Naquela tela, apareciam algumas coisas que me distraíam e punham em outra dimensão. Contudo, a realidade era insistente, carente de atenção, e não permitia que eu me esquecesse dela por mais de uma hora. E então, em certos momentos, aparecia ali a apoteose do absurdo: bandidos rindo das caras de suas vítimas ( e do país inteiro) e saindo pela porta da frente das cadeias e delegacias Brasil afora. Gente sanguinária, maldita, que ri na cara do cadáver recém-gerado por um celular de seiscentos reais pago em dez vezes a muito suor ou coisa de menor ou maior valor material.
(Quando não era por compartilhamento por pessoas no Facebook, era pelos programas policiais da TV a que minha mãe adora(va) assistir e que serviam como vozes de fundo de parte da minha rotina diária.)
  Entretanto, nesse mesmo computador—antes de eu ter meu primeiro smartphone, fato não muito distante—acompanhava os fatos políticos da nação, apesar de eu não compreender muita coisa e só começar a ensaiar algum posicionamento a partir de 2013. Neste ano (2013), fui apresentado a um certo político; não era um político qualquer, típico, com discursos enfeitados e afetados, que chegavam a ser asquerosos: tinha o falar duro, direto, que transmitia sinceridade, contra os bandidos de todos os tipos e outros absurdos que assolavam e ameaçavam nossa pátria mãe gentil, como o atentado grave contra a inocência das crianças em um dos lugares onde elas mais deveriam estar protegidas. Era o tiozão do churrasco de domingo, da pescaria no Paraíba do Sul, que tem um coração enorme e que leva sua família à Igreja todo domingo, esquecido, subjugado por uma elite (financeira, política, acadêmica, artística etc) de filhos-da-puta e perseguido por ela e seus papagaios amestrados, tendo voz e verdadeira representatividade no Congresso Nacional.
 É claro que eu me refiro a você, Jair.
 No início, eu resistia a você; sempre tive pé atrás com políticos desde quando comecei a acompanhá-los. Além do mais, eu, como muita gente, não aceitava—hipocritamente—as verdades inconvenientes, fossem elas ditas por você ou por qualquer pessoa que tivesse colhões para dizer o que tinha de ser dito.
  Entretanto, conforme eu via melhor o que se passava no mundo—com ajuda fundamental de um certo senhor de uns setenta anos, sobre o qual ainda escreverei—e o meu saco se enchia, mais eu me identificava com você, a ponto de começar a desejar uma candidatura sua( que, à época, era algo apenas virtual e um desejo de muitos que, como eu, já não agüentavam mais todas as putarias nacionais e mundiais.)
  Ainda discordo, hoje, de você em algumas coisas; mas, diante das possibilidades tenebrosas, de gente sedenta por poder e com ideais totalmente totalitários a querer escravizar a nação, isso é irrelevante. Suprimo isso pelo bem do país, dos nossos pais, mães, filhos, amigos e outras pessoas para as quais queremos um Brasil um pouco melhor.
  Sei também que, apesar de você ser Messias, não fará milagres no Planalto, caso eleito—e creio que será. São muitos os problemas nacionais, e é necessário dar prioridade ao que é realmente prioritário no Brasil; no caso, segurança e educação, pois com pessoas mortas, ameaçadas e/ou emburrecidas, nenhuma das outras questões podem ser resolvidas. E você soube elencar isso muito bem. (Este é um dos motivos por que votarei em você, além de não ter rabo preso e de toda a canalhada nacional e mundial estar-se manifestando com notícias falsas, hashtags ridículas e fluxo pesado de dinheiro para outros putos vendidos, além de outras razões mais.)
     Não precisamos ser cosplayers[1] de Policarpo Quaresma, mas podemos amar a pátria--como eu acredito amar e você já provou amar-- e trabalhar juntos(eu,presidente e todos aqueles que pensam no país)para mudar um pouquinho dela e tirá-la deste atoleiro com ajuda de Nosso Senhor Deus.
     E por falar nisso,rogo a Ele, por intermédio de Nossa Senhora, para que envie a você muitas bênçãos e que continue sendo o capitão-soldado de Nosso Senhor Jesus pela preservação de Seus Princípios aqui na terra.

                Rio de Janeiro, 03 de outubro de 2018  
                                                                                                      Yan Marinho
    

[1] Cosplayer: Indivíduo que costuma se caracterizar como um determinado personagem ou artista.